ARGUMENTO FICCIONAL
A WEB SÉRIE "FEMININO 3X4" aborda e questão do empoderamento
feminino, através de reflexões e questionamentos sobre diferentes
representações do universo emocional, simbólico e racional da mulher. Em cada
capítulo da série ecoam confissões em primeira pessoa, e revelações intimas da
realidade das personagens, com retratos realistas que assumem uma relação
direta e reveladora junto ao público. Fragmentos do cotidiano traduzem os dramas
e superações vividos por cada uma das seis personagens femininas da série. Elas
estão conectadas, em cada capítulo, com YACY, uma personagem indígena, que
encarna a transcendência da alma feminina, no papel da MÃE de todas as mulheres.
Em oposição à essa xamã ancestral, está a personagem de ATENA, como narradora
da série. Ela encarna o discurso da
racionalidade, dos direitos constituídos e por conquistar, e a lógica que
denuncia o percurso trágico vivido pelas mulheres, ao longo da história do
nosso pais. Temos, assim, a vida de seis
mulheres, com fisionomias sociais totalmente distintas e contrastadas, conectadas
por uma mãe heroína, que dialoga com uma narradora que defende o empoderamento
através da racionalidade na conquista de espaços de representação dos direitos
humanos e da cidadania.
A WEB SÉRIE "FEMININO 3X4" expõe as feridas abertas, quase sempre
invisíveis, de uma batalha travada contra a violência de gênero, a opressão e o
cerceamento de uma representatividade cidadã, além de um acesso irrestrito aos espaços,
livres, justos e dignos, a serem garantidos à todas as mulheres no Brasil. É
visível, ao longo de toda a série, a luta de cada personagem, na conquista de
seus direitos à integridade e liberdade da alma, da mente e do corpo. O destino
das mulheres retratadas em “FEMININO 3x4”, revela a trajetória de mulheres que
lutaram bravamente por sua integridade física e moral, empoderadas em um mundo machista,
violento e devorador, onde foram obrigadas a enfrentar desafios e a superar
dificuldades. Cada obstáculo vencido
pelas personagens de “FEMININO 3X4” é um passo para romper com o estigma da
invisibilidade, e evidenciar a necessidade de uma luta sem trégua. Nas imagens
de forte contraste realista e observacional da série, nasce uma fotografia em
3x4 da dimensão da alma feminina.
As vivências de cada personagem da série,
são apresentadas ao público dentro de uma cronologia da história recente do
Brasil, com seu início nas últimas décadas do século XIX, até chegar aos dias
atuais. Cada personagem vive um em momento chave da história do nosso pais. Em
1873, em plena efervescência republicana e abolicionista, temos a história da
negra FAIOLA, uma escrava de caráter forte e altivo, abusada sexualmente pelo
Sinhozinho do Engenho de Cana, e que sabe curar qualquer doença com suas ervas
do mato, e tem a sabedoria de uma parteira de mão cheia, ajudada pela força
espiritual de seus ancestrais e orixás africanos. Passamos então á era Vargas
no Estado Novo, ao ano de 1949, com LEONOR, uma enfermeira voluntária que
alista na Cruz Vermelha, durante a 2ª Guerra Mundial, e que enfrenta o horror
vivido pelos soldados brasileiros nas batalhas sangrentas no front italiano. Essa
mulher de voz doce e suave, luta para se desvencilhar dos horrores da guerra, amparada
por seu fervor religioso. Quase trinta anos depois, amparado pelo Ato
Institucional 5 (AI 5) será a vez de ÂNGELA, traduzir seu drama, depois de ser presa
e torturada pela ditadura militar. Universitária de classe média alta, homossexual
e culta, ela passará pelos porões da repressão, onde o medo da morte e a
tortura ficarão marcados para sempre na sua memoria. Na década de 80, com o início do Movimento
Sem Terra (MST) é a vez de CERIMARA traduzir sua vida como boia-fria, nas roças
de abacaxi em Boa Vista. Essa mulher rude e tímida, é contemporânea das primeiras
ocupações do MST, e tem trava sua luta para
aprender a ler e a escrever, colocar um ponto final à sua invisibilidade como
pessoa. Com um salto de 15 anos, é chegada a vez de CLARISSE, uma mulher negra
e bem-sucedida, que conquistou seu espaço social em pleno processo de
redemocratização. No comando de seus
negócios ela reafirma seu espirito empreendedor, superando a separação do
marido por violência doméstica, e a morte por leucemia de seu único filho. E por fim, chegamos à euforia de prosperidade
vivida em 2010, no final do segundo mandato de Lula, frente com a prostituta
Betty Sorvetão, uma viúva sem qualquer amparo familiar, e com um filho
recém-nascido nos braços. Destemida, forte e determinada a criar sozinha o seu
filho, ela encara os perigos da prostituição e enfrenta nas ruas o peso do
preconceito e exclusão social.
Enquanto conhecemos o drama e a
trajetória de superação de cada uma das seis personagens de "FEMININO 3X4", temos a presença
constante da indígena YACY, que em Tupi-Guaran significa a Mãe da Natureza. Ela
encarna o papel da mãe ancestral de todas as personagens, capaz de congregar na
alma o poder de luta de todas essas mulheres. YACY traz consigo a
ancestralidade dos povos originais, e simboliza a pureza espiritual e a
iluminação da maternidade de toda a natureza humana. YACI vem de um tempo que
nunca teve inicio e que nunca terá fim. Ela
desconhece a dor do nascimento e da morte, e representa a mãe de todas as mulheres,
assim como de todos os filhos dessas mulheres. Vive envolta no mistério da
existência e ritualizado pela força de uma xamã, tudo que vive ao seu redor.
Como contraponto de YACY, temos a
narradora da série, ATENA, na representação simbólica da mulher que dispõe de
grande inteligência e sabedoria, agilidade lógica no pensamento, e a
habilidades para engendrar estratégias de defesa, diante de qualquer ameaça
sofrida pelas personagens da série. Inspirada na mitologia grega, ATENA
sustenta a argumentação racional e lógica que expõe as influências do contexto
histórico, as conquistas no campo dos direitos da mulher, e as estratégias de
resistência, diante de um mundo opressor, orquestrado pelo machismo e a
misoginia, e sem qualquer interesse no reconhecimento da igualdade de gênero.
Nas seis histórias retratadas pela web
série, fica clara a interseção narrativa, que integra a trajetória realista da
protagonista de cada capítulo de “FEMININO 3X4”, com a personagem de YACY, sua
mãe indígena ancestral, e o contraponto da lógica racional, encarnado por
ATENA. Nesta triangulação de olhares e de formas de pensar e traduzir a vida, é
que serão permeadas a realidade da protagonista, a maternidade espiritual de
YACY e a lógica do direito constituído de ATENA, necessárias para uma proteção
e defesa contra o algoz e o agressor, em um território feminino marcado pela
força da resistência e da superação.
ARGUMENTO DOCUMENTAL
Web Série “FEMININO 3 X 4”
A WEB SÉRIE "FEMININO 3X4" também apresenta um espaço de reflexão,
conectado diretamente aos episódios de ficção, com capítulos de entrevistas em
profundidade. As entrevistas serão feitas com um grupo de mulheres empoderadas,
e que são publicamente reconhecidas como defensoras dos direitos da mulher em
Marataízes. Essas mulheres, com seus relatos e abordagens, sobre os principais
pontos de reflexão em cada capitulo, traduzirão uma dimensão transversal sobre
os direitos da mulher, no que se refere aos
elementos que atravessam e permeiam distintas camadas ou grupos sociais, com
influência direta em uma variedade de contextos e interações. Isso inclui
questões como gênero, classe social, raça, etnia, orientação sexual, idade e
habilidades, entre outros. Através de suas visões críticas, sobre as vivências
das personagens da série, elas terão espaço para refletir e questionar sobre
diferentes representações do universo emocional, simbólico e racional da
mulher.
Em cada capítulo documental da série, serão
inseridos pequenos trechos da ficção, para um melhor entendimento por parte do
público. A sobreposição de discursos da ficção em primeira pessoa, com as
abordagens trabalhadas nas entrevistadas, deve servir para o reconhecimento de
paradigmas narrativos e temáticos. Desta forma, haverá um reforço de conceitos
amparados pela legislação brasileira, no que diz respeito aos direitos da
mulher, aos direitos humanos e aos seus elementos transversais. A base para a
investigação documental, deverá ser instrumentalizada pelos seguintes instrumentos legais:
A
Constituição Federal de 1988, com a garantia da igualdade de direitos
entre homens e mulheres, em diversos aspectos da vida, como educação, trabalho,
saúde e participação política; a Lei
Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), com suas medidas protetivas às
mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/2015), com a tipificação do
assassinato de mulheres como crime de feminicídio, em contextos de violência doméstica
ou por razões de gênero, a Lei do
Assédio Sexual (Lei nº 10.224/2001), que define o crime de assédio
sexual e estabelece penalidades para os agressores; a Lei do Trabalho Doméstico (Lei Complementar
nº 150/2015), reguladora dos direitos dos trabalhadores
domésticos, em sua maioria mulheres, assegurando a jornada de trabalho, horas
extras e seguro-desemprego, a Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW),
na condição de Tratado Internacional, ratificado
pelo Brasil, e que visa eliminar todas as formas de discriminação contra as
mulheres, com a garantia da igualdade de gênero; e por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº
8.069/1990), com as medidas de
proteção a crianças e adolescentes, incluindo meninas, vítimas de abusos e de exploração
sexual.
A contextualização do argumento
documental da série, deve servir como garantia, de que o conteúdo ficção
assistido pelo público, possa ser reavaliado no ambiente de manifestações
democráticas, com conceitos e ideias desse grupo de mulheres com importante
papel social em Marataízes, e no âmbito do sul capixaba. A universalidade do
tema, deve ser motivo de interesse à todo o público do Espírito Santo, com
potencial para que seja abraçado por outra regiões do pais. Em síntese, as
entrevistas da web série “FEMININO 3x4” serão a memória viva do momento em que
vivemos, como documento audiovisual e relato de mulheres que conquistaram
plenamente seus espaços e representações na sociedade.
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